Resumo
Este artigo examina a decisão do Supremo Tribunal Federal do Brasil na Ação Declaratória de Constitucionalidade nº 51 e seu impacto sobre a regulação da atuação empresarial das grandes plataformas digitais, ao impor limites à sua liberdade de agir econômica. A sentença reconheceu que os tribunais brasileiros podem determinar diretamente às plataformas a entrega de dados vinculados ao país, ainda que armazenados no exterior, afastando a tese da imunidade econômica e tecnológica das big techs e tratando a cooperação internacional como alternativa possível, mas não exclusiva. Conclui-se que a experiência brasileira contribui para o fortalecimento da soberania democrática na Era Digital, assegura o acesso à justiça, impede o total arbítrio empresarial na condução da atividade econômica das plataformas e oferece um parâmetro relevante para a construção de um constitucionalismo digital de alcance global.
Referências
ABADE, Denise Neves. Direitos Fundamentais na Cooperação Jurídica Internacional. São Paulo: Saraiva, 2013.
ABREU, Jacqueline de Souza. “Jurisdictional battles for digital evidence, MLAT reform, and the Brazilian experience. Conflitos de jurisdição por provas digitais, reforma da cooperação judiciária internacional, e a experiência brasileira”. Revista de Informação Legislativa, Brasília, vol. 55, nº 220, 2018. p. 233-257.
BALTAR, Leandro. “El control de competencia internacional desde el derecho internacional privado argentino”. Revista de la Secretaría del Tribunal Permanente de Revisión, año 7, n.º 14, agosto 2019, p. 222-224.
BERMAN, Paul Schiff. “Jurisdictional Pluralism”. In: ALLEN, Stephen; COSTELOOE, Daniel; FITZMAURICE, Malgosia; GRAGL, Paul; GUNTRIP, Edward. (eds.). The Oxford handbook of jurisdiction in international law. Oxford: Oxford University Press, 2019, pp. 121-160.
BRASIL. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (Pleno). Acción Declaratoria de Constitucionalidad n.º 51, sentencia de 23 de febrero de 2023. Disponible en: <https://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5320379>
CARVALHO RAMOS, André. Curso de Direito Internacional Privado. 4ª ed., São Paulo: Saraivajur, 2025.
CORTE INTERAMERICANA DE DERECHOS HUMANOS. Velásquez Rodríguez vs. Honduras. Sentencia de 29 de julio de 1988 (Fondo). Disponible en: <https://www.corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/seriec_04_por.pdf>
CORTE INTERAMERICANA DE DERECHOS HUMANOS. Favela Nova Brasília vs. Brasil. Sentencia de 16 de febrero de 2017 (Excepciones preliminares, Fondo, Reparaciones y Costas). Disponible en: <https://www.corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/seriec_333_por.pdf>
CORTE INTERAMERICANA DE DERECHOS HUMANOS. González y otras (“Campo Algodonero”) vs. México. Sentencia de 16 de noviembre de 2009 (Excepción preliminar, Fondo, Reparaciones y Costas). Disponible en:<https://www.corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/seriec_205_esp.pdf>
HAWKINS, Eric C. “General jurisdiction and internet contacts: what role, if any, should the zippo sliding scale test play in the analysis”. Fordham Law Review, v. 74, 2006, pp. 2371-2423.
LOWE, Vaughan. “Jurisdiction”. In: EVANS, Malcolm D. (Org.). International law. Oxford University Press: New York, 2003, pp. 329-355.
MENDES, Gilmar Ferreira; FERNANDES, Victor Oliveira. “Constitucionalismo digital e jurisdição constitucional: uma agenda de pesquisa para o caso brasileiro”. Revista Brasileira de Direito, Passo Fundo, vol. 16, nº 1, jan-abril, 2020, pp. 1-33.
RYNGAERT, Cedric. Jurisdiction in International Law. 2ª ed. Oxford: Oxford University Press, 2015.
TIBURCIO, Carmen; ALBUQUERQUE, Felipe. “Territorialidade, jurisdição e Internet: alguns aspectos de direito internacional privado”. Revista Eletrônica de Direito Processual, Rio de Janeiro, v. 24, n. 3, 2023, pp. 34-57.
TRIBUNAL EUROPEO DE DERECHOS HUMANOS. Golder vs. Reino Unido. Sentencia de 21 de febrero de 1975. Disponible en: <https://hudoc.echr.coe.int/eng?i=001-57496>
TRIBUNAL EUROPEO DE DERECHOS HUMANOS. Sunday Times vs. Reino Unido. Sentencia de 26 de abril de 1979. Disponible en:<https://hudoc.echr.coe.int/eng?i=001-57708>

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Copyright (c) 2025 André de Carvalho Ramos, Denise Neves Abade